“Entender que a inovação vai além do técnico”. Assim Cristina Leonhardt definiu o propósito do I Seminário de Inovação, atividade que esteve sob sua coordenação e que foi novidade na 5ª Jornada Técnica do Setor Alimentício. Realizado ao longo desta quinta-feira (19) no Clube Tiro e Caça, o Seminário abordou temas como comunicação, marcas, políticas públicas e DNA inovador, além de apresentar um painel com sete cases de empresas bem sucedidas, sendo esse em parceria com o Pro_Move Lajeado Alimentos. Segundo Cristina, o evento foi formatado para ir além do setor de Pesquisa & Desenvolvimento, envolvendo também empresários, pessoas do Marketing e responsáveis por inovação, com o intuito de pensar cultura, processos, oportunidades de fomento e finanças. “Inovação é a responsável por preparar o futuro da empresa”, definiu.
A programação iniciou com a participação do cofundador do Nutri Ingredients Summit (NIS), Adriano Pegorelli, que falou sobre “Comunicação 4.0: Inovação na indústria de alimentos para conquistar consumidores conectados”, explanando tendências de tecnologias, ferramentas digitais e formas de se conectar com os clientes. De acordo com ele, em termos de comportamento, hoje é preciso considerar saudabilidade, sustentabilidade e suplementação, enquanto os maiores desafios estão em regulamentação e segurança, altos custos de produção e concorrência 360°. Ao citar grandes transformações que mudaram o mundo, como a Revolução Industrial, a invenção da eletricidade, e o surgimento de computadores e celulares, Adriano afirmou que a revolução 4.0 vai mudar a forma como vemos o mundo. Nessa revolução, os principais pilares são a internet das coisas, inteligência artificial, big data e análise de dados avançada, impressão 3D, realidade aumentada e realidade virtual, blockchain, robótica avançada e cibersegurança. Ele também ressaltou que a Comunicação 4.0 vai além de campanhas de publicidade e esclareceu: “Comunicação é qualquer forma de se relacionar com sua marca, com o consumidor, parceiro, fornecedor e colaborador”. Nesse contexto, ele citou algumas estratégias que precisam ser adotadas, como personalização, automação de marketing, integração multicanal, análise de sentimento, chatbots e assistência virtual, experiência do cliente aprimorada, marketing de conteúdo e segurança de dados e privacidade. Sobre esse último item, alertou: “Tomem cuidado com as informações dos clientes hoje em dia, principalmente por causa da LGPD. Comunicação 4.0 sem isso é um risco”. Adriano ainda falou sobre o uso do WhastApp e lembrou cases de comunicação de sucesso, como os ursinhos da Parmalat, palito de picolé premiado, tio da Sukita e latas de Coca-Cola personalizadas com nomes. Quando informou que em 2022 haviam mais de 118 milhões de celulares ativos nos país, ele declarou: “Se teu produto não está no celular, a chance de você ter sucesso no mundo digital é pequena”.
Quem também palestrou no Seminário foi a diretora de Gestão da Inovação na Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS (SICT/RS), Paola Schaeffer, a qual apresentou “Políticas setoriais de reconversão tecnológica: a indústria de alimentos”, cujo painel descreveu o cenário da indústria de alimentos no país, ressaltando potencialidades, oportunidades, fragilidades e desafios. Trazendo dados da Pesquisa de Inovação (Pintec 2017), ela afirmou que empresas do setor de alimentos no país, na média, são mais inovadoras que o conjunto de indústrias, visto que alcançam 42,5%, enquanto as demais marcas 34,3%. “Temos indústrias de alimentos fortes e que buscam competitividade internacional, mas o grau de inovação de produtos ainda é baixo. Esse é um grande problema. A gente tem que pensar como as grandes potências do mundo, com uma visão mais ampla sobre o potencial mercado consumidor”, avaliou. A pesquisa também indica que 87,6% das empresas criam coisas novas para elas, mas que não são novidades no mercado; 69,8% inovam somente através de máquinas e equipamentos; e 82,3% não inovam por riscos econômicos excessivos. Paola também atentou para o fato de que apenas 13,6% buscam universidades e centros de pesquisa como fontes para inovar, mesmo que esse seja um caminho que facilita o acesso a recursos e minimiza os riscos. Quanto às ações da secretaria, ela afirmou que pela primeira vez a inovação está no centro da estratégia do governo do RS, sendo priorizada ao lado de segmentos como saúde e educação. Esse posicionamento é justificado pela visão de que a inovação é um meio para alavancar todas as áreas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Já sobre o cenário gaúcho, os dados mostram que o Estado ocupa uma posição de destaque, pois é considerado um ambiente favorável à inovação tecnológica com uma mão de obra muito qualificada. “Isso é reflexo de um ecossistema de inovação que vem se transformando nos últimos anos”, explicou Paola. A diretora ainda trouxe dados do Vale do Taquari, apontando que a secretaria já aportou R$ 13,74 milhões em projetos de inovação na região.
Cases
O doce de leite Estrelat foi o case trazido por Eliana e Roberto de Oliveira, sócios-proprietários da empresa estrelense. Contando a história do produto originário da receita da avó que leva apenas três ingredientes (leite, açúcar e bicarbonato), eles contaram como inovaram na granja leiteira utilizando o leite tipo A para criar um item natural, reconhecido pelos clientes como de alta qualidade e amplamente premiado, apesar dos recentes dois anos no mercado.
Com o slogan “A transformação começa por você”, a Viteck Suplementos foi apresentada pela assessora de vendas Paula Kern. A empresa começou em 2021 a partir do desejo de um grupo de amigos de empreender com algo que tivesse um significado para as pessoas. Assim, eles criaram uma linha de suplementos alimentares que foge do nicho “remédios” e está disponível no formato de pastilhas, tendo como foco o bem-estar dos clientes.
O público ainda pode conferir os relatos da Padaria Bem Querer, Vovó Faz Bolo, Papper Foods, Horta Purper e Mandala Comidas Especiais.
Comments